Avaliação do desenvolvimento de mudas de salsa (Petroselinum crispum) cultivadas em substrato à base de fibras de coco verde.

Autores: Mateus Thomes Vargas, Andressa dos Anjos Gomes, Ester Eduarda White Machado Baldi, João Pedro Soares Matias , João Pedro de Souza Lima , Maithê Silva Vinhati

Orientador: Sonia Regina da Silva

Coorientador: Douglas Vicente do Carmo Lima Lima

Instituição: EEEFM Dr. Emílio Roberto Zanotti

Cidade/UF: SAO MATEUS/ES



Pontuação do Projeto: 1.3

Série:

Etapa: Ensino Médio (Regular)

Status do projeto: Finalizado

Resumo:

A água de coco verde é uma bebida muito apreciada e consumida pelos brasileiros. No entanto, para esse fim a casca do coco é descartada acarretando um problema ambiental e visual, especialmente nas áreas litorâneas. Uma forma bastante estudada é o reaproveitamento da casca do coco como substrato para geração de mudas e crescimento de diversas plantas. A salsa (Petroselinum crispum) é um tempero muito utilizado na culinária nacional. Pensou-se em testar o desenvolvimento de mudas dessa planta em substratos produzidos a partir de casca de coco, introduzindo o aluno na resolução de um problema local, que pode gerar valores agregados para o seu dia a dia. Com a finalidade de separar a fibra, a casca passou por processo de desfibramento manual, trituração e seleção por análise gravimétrica. Foram conduzidas análises físico-químicas para caracterização da fibra, abrangendo os parâmetros umidade, cinzas e pH. Várias formulações do substrato, combinando terra vegetal em diferentes proporções (25%, 50%, 75% e 100% de fibra de coco), foram submetidas à avaliação. O progresso do desenvolvimento das plantas foi monitorado através de medições de altura das mudas, coloração, tamanho e contagem de folhas. Ao final do cultivo, também foram medidas a massa fresca da parte aérea e da parte fresca das raízes (Etapa em desenvolvimento). O objetivo central desse projeto foi envolver o aluno na resolução de um problema ambiental do seu cotidiano e desenvolver seu pensamento crítico e científico por meio da execução e análise de resultados de uma experimentação simples.

Palavras-chave:

coco verde, fibra do coco verde, substrato

Justificativa:

Em 2019, o Brasil produziu cerca de 2,33 milhões de toneladas de coco verde (FAO, 2019), ocupando o 5º lugar mundial. Neste mesmo ano, o Espírito Santo produziu 146 milhões de frutos estando entre os 5 maiores estados produtores do Brasil (BRAINER, 2021). Grande parte da produção brasileira de coco é destinada para o consumo de sua água. Essa bebida pode ser envasada e comercializada por empresas como também ser consumida in natura em lanchonetes, restaurantes, praças, praias etc. Quando consumidas dessa forma, a casca geralmente é disposta em lugares inapropriados (lixões, terrenos vazios etc.), permitindo o acúmulo de água e consequentemente a proliferação de doenças. Mesmo quando são destinadas para aterros sanitários, elas ocupam um tempo maior dos trabalhadores, sobrecarregando todo o sistema de limpeza da cidade e os próprios aterros.A casca do coco verde representa 80 a 85% do peso bruto do fruto e é composta principalmente de celulose, lignina e hemicelulose. Esses polímeros são resistentes à decomposição por microrganismos. Por este motivo, essas cascas permanecem nos ambientes naturais por mais de oito anos até que sejam degradadas. (CARRIJO et al., 2002). A cidade de São Mateus possui um litoral de aproximadamente 42 km, sendo a praia de Guriri a mais conhecida e visitada por turistas. No verão, com o aumento do movimento de pessoas, uma notável quantidade de casca de coco é gerada. Assim, torna-se comum pilhas de coco espalhadas em vários lugares da cidade. Esse realmente é um desafio enfrentado pela comunidade local. Em um trabalho recente de Iniciação Científica realizada por esta Instituição e com fomento da FAPES (Aproveitamento de polpa do coco verde para a produção de Iogurte: Estudo da influência do caseinato de sódio na consistência do produto final), foram documentadas diversas dessas situações (Relatório FAPES IC-2023). Por se tratar de um problema ambiental tangível e perceptível, vários são os estudos desenvolvidos para o reaproveitamento da casca do coco, tais como: adsorventes para tratamento de águas residuais (PEREIRA, et al., 2016); agregado em concreto (SUDHARSAN; SIVALINGAM, 2019), produção de bioetanol, lignina e ramnolipídios (LACERDA; LEITÃO, 2021). Da casca ainda podem ser separadas as fibras, as quais são utilizadas para o enchimento de bancos, confecção de vasos, artefatos de decoração, substratos orgânicos etc. (EMBRAPA, 2021). O uso da fibra na composição de substratos orgânicos é justificável por se tratar de um material praticamente inerte, leve e poroso, característica essencial para retenção de água e nutrientes necessários para o desenvolvimento da planta. A porosidade também permite a aeração de todo o sistema e transferência de ar para as raízes. A fibra de coco já foi testada para a produção de diferentes como: moringa (RODRIGUES, 2016), tomateiro (DA COSTA, 2007) melão (BEZERRA; BEZERRA, 2001), alface (ROSA et al., 2002), berinjela (DE OLIVEIRA, 2008), pimentão (BRAGA, 2002). Vale ressaltar que em todas os testes, foram obtidos resultados positivos. A salsa (Petroselinum crispum) é um tempero bastante utilizado no Brasil. Suas sementes apresentam um tempo de germinação moderado. A contextualização é uma premissa para o ensino-aprendizagem dos alunos deste nível de aprendizagem. Eles se envolvem e se empenham mais em atividades que possuem relação direta com o seu dia a dia. Desta forma, acredita-se que avaliar o desenvolvimento de mudas de salsa (Petroselinum crispum) em substrato compostos por fibras de coco verde será uma maneira de estimular o desenvolvimento do pensamento crítico e científico dos alunos, envolvendo-os na execução e análise de resultados de uma experimentação simples, adequada para o seu nível escolar e contextualizada com seu dia a dia.

Objetivo Geral:

2. Avaliar o desenvolvimento de mudas de salsa (Petroselinum crispum) cultivadas em substrato à base de fibras de coco verde.

Objetivo Específico:

1. Obtenção da fibra: coleta, desfibramento, lavagem, trituração e secagem. 2. Caracterização físico-química da fibra. 3. Preparação do substrato e cultivo das plantas. 4. Tratamento, análise e interpretação dos resultados obtidos.

Questões Norteadoras:

O uso da fibra do coco verde na formulação de substrato interfere no desenvolvimento das plantas?

Hipótese:

Hipótese 1: É possível separar a fibra da casca do coco verde e tratá-la para uso em substratos agrícolas. Hipótese 2: A fibra do coco verde possui características que permitem seu uso no cultivo de plantas. Hipótese 3: É possível observar diferença no desenvolvimento das plantas em diferentes amostras. Hipótese 4: A diferença observada pode ser significativa.

Metodologia:

As metodologias que serão utilizadas em cada etapa estão descritas a seguir: 1ª etapa: Estimular o desenvolvimento do pensamento crítico e científico dos alunos, envolvendo-os na execução e análise de resultados de uma experimentação simples e adequada ao seu nível escolar (Introdução) 1. Levantamento bibliográfico: Introdução A maioria dos alunos de ensino fundamental e médio não conseguem discernir corretamente entre fontes confiáveis e não confiáveis disponíveis na internet, o que envolve o letramento científico. A coleta correta de informação é crucial para que qualquer trabalho científico seja realizado. Desta forma, será realizado um encontro do coordenador/tutor com os alunos, no qual será abordada a confiabilidade de informações contidas em páginas comuns (de cursos, professores etc.), livros e artigos científicos e como elas são validadas. Os alunos serão incentivados a identificar a procedência da informação, verificar a data da publicação e credibilidade da fonte. Os temas serão abordados dentro do nível de ensino dos estudantes. Para finalizar, os alunos terão como atividade fazer o levantamento de problemas ambientais causados pelo descarte inapropriado da polpa de coco e soluções estudadas até o momento para esses problemas. 2. Introdução à Metodologia e Pesquisa Científica O Método Científico e a Pesquisa Científica podem ser abordados de maneira introdutória em disciplinas de Ciências da Natureza (Física, Química e Biologia). No entanto, quando abordados, é de maneira muito superficial. Com o intuito de promover o pensamento crítico e científico, será organizado encontro entre monitor/tutor para transmitir aos alunos a base da Metodologia e Pesquisa Científica. Vale ressaltar que, os temas serão abordados dentro do nível de ensino dos estudantes. 2ª Etapa: Avaliar o desenvolvimento da salsa (Petroselinum crispum) cultivada em substrato à base de fibras de coco verde 1. 1. Processo de obtenção da fibra: coleta, corte, desfibramento, lavagem, trituração e secagem As cascas de coco serão coletadas na feira local de Guriri/São Mateus. A fibra do coco será retirada de maneira manual com auxílio de um martelo. Após o desfibramento, as fibras serão separadas de outros materiais indesejados, lavadas em água corrente e secas ao sol por 4 dias ou até atingirem 15-20% de umidade. As fibras secas processadas em triturador elétrico serão submetidas a análise granulométrica, a fim de separar fibras com a granulometria mais adequada (que estejam entre 3 - 4 mm) (EMBRAPA, 2003) 2. Caracterização físico-química da fibra 2. O material já triturado e separado por granulometria será submetido às seguintes análises: umidade por secagem em estufa a 105 °C (ref. 012/IV), cinzas por incineração em mufla a 550º C (ref. 018/IV), lipídios totais pelo método de Folch (ref. 354/IV) conforme descrito por INSTITUTO ADOLFO LUTZ (2008); proteínas serão determinadas pela Reação de Biureto (Gornall, 1949) e açúcares totais por diferença. O pH será medido por pHmetro de bancada. 5.) 6.) 3. Preparação do substrato e cultivo das plantas Preparação do substrato: Os substratos serão preparados conforme as combinações a seguir: ● 75% terra vegetal + 25% fibra de coco ● 50% terra vegetal + 50% fibra de coco ● 25% terra vegetal + 75% fibra de coco ● 100% fibra de coco Somente terra vegetal bem como substrato comercial serão utilizados como padrão para fins de comparação. Cultivo das plantas: Sementes de salsas serão obtidas no comércio especializado local. Mudas serão geradas por meio de semeadura em sementeiras. A germinação e desenvolvimento das plantas será acompanhado por 30 dias ou até altura de 10 cm. Nesse período, serão monitoradas: Altura das salsas e folhas (número, tamanho e cor). No final do período de teste, as plantas serão colhidas e serão realizadas as seguintes análises: massa fresca da parte aérea e massa fresca das raízes. Parte aérea e raízes são separadas e pesadas em balanças analíticas. As raízes são limpas e lavadas cuidadosamente antes da pesagem. O experimento será realizado em triplicata para cada combinação testada. A umidade será mantida por rega diária. 4. Tratamento, análise e interpretação dos resultados obtidos Os dados observados serão organizados em gráficos e tabelas do Excel. Os dados quantitativos serão analisados estatisticamente por análise de variância (ANOVA). Além disso, será criado um banco de imagens com as evidências coletadas do projeto.

Referências:

BEZERRA, Fred Carvalho; BEZERRA, Gisele da Silveira Sousa. Efeito do substrato na formação de mudas de meloeiro (Cucumis melo). Embrapa Agroindústria Tropical, 2000. BRAGA, Daniela Oliveira et al. Produção de mudas de pimentão em diferentes substratos a base de fibra de coco verde sob fertirrigação. Horticultura Brasileira, v. 20, n. 4, p. 533-536, 2002. BRAINER, Maria Simone de Castro Pereira. EMBRAPA. Coco: produção e mercado. 2021. CARRIJO, Osmar Alves; LIZ, Ronaldo Setti de; MAKISHIMA, Nozomu. Fibra da casca do coco verde como substrato agrícola. Horticultura brasileira, v. 20, p. 533-535, 2002. DA COSTA, Cândido A. et al. Fibra de coco e resíduo de algodão para substrato de mudas de tomateiro. Horticultura Brasileira, v. 25, p. 387-391, 2007. DE OLIVEIRA, Alexandre Bosco; HERNANDEZ, Fernando Felipe Ferreyra; DE ASSIS JÚNIOR, Raimundo Nonato. Pó de coco verde, uma alternativa de substrato na produção de mudas de berinjela. Revista Ciência Agronômica, v. 39, n. 1, p. 39-44, 2008. EMBRAPA. Embrapa Tabuleiros Costeiros. (2010). Tecnologias para extração e beneficiamento da fibra de coco verde. [Embrapa]. [chrome-extension://efaidnbmnnnibpcajpcglclefindmkaj/https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/CNPAT-2010/11406/1/CL09004.pdf] (acessado em 10 de dezembro de 2023). EMBRAPA. Fibra de Coco na Indústria. 2021. Disponível em: https://www.embrapa.br/en/agencia-de-informacao-tecnologica/cultivos/coco/pos-producao/coprodutos/c asca-fibras-e-po-/fibra-de-coco-na-industria. Acesso em 30 de jun. de 2022 FAOSTAT - FOOD AND AGRICULTURE ORGANIZATION OF THE UNITED NATIONS.(Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura) Crops and livestock products. Disponível em: https:// www.fao.org/faostat/en/#data/ . Acesso em 25 de jun. 2022. GORNALL, Allan G. et al. Determination of serum proteins by means of the biuret reaction. J. biol.Chem, v. 177, n. 2, p. 751-766, 1949. INSTITUTO ADOLFO LUTZ (São Paulo). Métodos físico-químicos para análise de alimentos. 1. ed.Digital. São Paulo: Instituto Adolfo Lutz, 2008. 919p. LACERDA, Monique Silva; LEITÃO, Fabrício Oliveira. DESAFIOS E OPORTUNIDADES DA ECONOMIA CIRCULAR: O CASO DOS RESÍDUOS DO COCO VERDE/Challenges and opportunities of the circular economy: the case of green coconut residues. Informe Gepec, v. 25, n. 2, p. 164-181, 2021. PEREIRA, Simone de Fátima Pinheiro et al. Fibra De Coco Como Biossorvente Na Remoção Da Matéria Orgânica De Águas Residuais. The Challenge of Developing Creative Artists in a Standardized World, v. 7, p. 396-400, 2014. RODRIGUES, Luciana Aparecida et al. Qualidade de mudas de Moringa oleifera Lam. cultivadas em substratos com fibra de coco verde e compostos orgânicos. Revista Ceres, v. 63, p. 545-552, 2016. ROSA, M. de F. et al. EMBRAPA. Utilização da casca de coco como substrato agrícola. 2002. SUDHARSAN, N. et al. Potential utilization of waste material for sustainable development in construction industry. International Journal of Recent Technology and Engineering, v. 8, n. 3, p. 3435-3438, 2019.